Oportunista, voraz e agressivo: nas águas do Tejo anda um gigante a dizimar as espécies nativas
É o terceiro maior peixe do rio do mundo, pode atingir 2,80 metros e pesar cerca de 120 Kg. O siluro invadiu o rio Tejo e está a reproduzir-se e a dominar ‘como um leão’ a fauna deste rio. E não só piscícola, pois há relatos de caçar patos e pombos nas margens. Só na barragem de Belver estima-se que possam já existir 10 mil siluros e, sem predadores, muitos peixes nativos que lhes servem de refeição estão em risco de desaparecer. Os pescadores já estão a sentir esta redução nas suas redes e temem que em poucos anos o Tejo fique sem peixe nativo… e eles sem modo de vida. O ICNF diz que será elaborado um plano de ação a nível nacional.
Ricardo Vermelho é pescador profissional no rio Tejo há 30 anos. Sempre pescou barbo, boga, lampreia e todo o tipo de peixe nativo e migratório deste rio. Mas agora o peixe que lhe chega pelas redes não se compara com o que pescava no passado. E o principal culpado, diz, é o siluro. «Um dia destes apanhei um siluro que tinha uns 15 kg e tinha uma enguia, um lagostim e um barbo quase com 2 kg dentro da barriga. Eles comem tudo o que mexe. Até patos. Por isso, onde antes eu apanhava 10 kg de barbo agora apanho um ou dois, se apanhar», afirma o pescador.
Também chamado de peixe-gato europeu, o siluro (Silurus glanis) é um peixe voraz e um predador de topo que não encontra rival e facilmente domina o ambiente onde entra. É o terceiro maior peixe de rio do mundo e pode atingir 2,80 metros e pesar cerca de 120 Kg. Nativo da Europa Central e Oriental, o siluro foi introduzido na Península Ibérica na década de 1970, na barragem do Riba-Roja, no rio Ebro, em Espanha. Os especialistas acreditam que a partir daqui terá dispersado ou sido introduzido no Tejo por pescadores desportivos uma vez que é um troféu aliciante para esta comunidade. Ao Baixo Tejo terá chegado por volta de 2006.